segunda-feira, 4 de julho de 2011

A MUMMY

Hoje passei à frente do Pê para falar da pessoa mais importante da nossa vida. Conhecemo-la há mais ou menos 2 anos, no mesmo autocarro onde vamos e vimos da escola (agora chique, da faculdade). Sentava-se atrás de nós perto da porta para sair ali no Marquês, sempre acompanhada pelos fones onde uma vez percebi que ela vinha a ouvir Muse e uns livros com umas capas cheias de gajos bons. Viagens de quase 1 hora dá para vermos tudo.
Um dia ela viu-nos de mão dada e piscou-nos o olho. Eu disse ao Pedro que ia começar a falar com ela, parecia tão simpática. E virei-me para o banco dela e toquei-lhe no ombro. Ela levantou os olhos e tirou os fones. O sorriso dela é tão bondoso e os olhos cor de chocolate quase negro.
Eu dei-lhe os bons dias e ela riu-se. Bom dia, então de caminho para a escola?
Fomos a conversar o caminho todo, ela fechou o livro e desligou o MP3. Chama-se Fernanda, mora muito perto de nós, a cerca de 10 minutos de mim. Não digo a idade dela porque ela matava-me, só que ela não parece a idade que tem, que é quase a da minha mãe, nem fisicamente e muito menos mentalmente.
Uns dias depois já a procurávamos no autocarro e acabamos por lhe contar que namorávamos e que estávamos a pensar contar às nossas famílias. Ele olhou para nós e só perguntou- Têm a certeza?
Não tínhamos mas não quisemos dizer-lhe.
Claro que da parte do Pedro correu tudo bem, os pais dele são de uma mentalidade muito aberta...são artistas. Quanto aos meus...digamos que foi horrível, o meu pai e o meu irmão mandaram-me embora e eu não tive coragem de sobrecarregar o Pedro e a família dele, por isso liguei-lhe.
E aconteceu o impensável, ela falou com o Miguel, o namorado dela que lhe disse, trá-lo cá para casa.
Durante um tempo fiquei a olhar para o telefone e resolvi arriscar, afinal a única alternativa seria a rua.
Assim que entrei e olhei para ela desatei a chorar, acho que nunca me senti tão infeliz na vida e ao mesmo tempo tão amparado. Ela abraçou-me e foi naquele momento a minha mummy.
Durante 1 mês fui o rapaz mais feliz com aquela família, o Miguel continua a ser o meu paizão e a Fernanda a minha mummy. Consigo contar-lhe tudo o que se passa na minha vida, até mesmo quando meto a pata na poça e ela tem sempre um conselho, mas tenho de lho pedir porque ela nunca quer incomodar nem meter-se na nossa vida.
Mas um mês depois os meus pais e o meu irmão vieram buscar-me, pedir perdão e dizer que não conseguiam viver sem mim. Confesso que os fiz penar uns dias mas valeu a pena.

O que ela e o Miguel fizeram por mim mais ninguém faria ou fez, especialmente porque me conhecia tão pouco, mas o respeito que tenho por eles não tem comparação com mais ninguém, excepto o Pedro.
Mummy e paizão, amo-vos tanto e nunca vos conseguirei agradecer aquele mês.
Rich

5 comentários:

  1. Um gesto muito bonito por parte da Fernanda e do Miguel :)

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  2. Isto contado por ti, é a mesma coisa que já conhecia, mas vista "do outro lado"...

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  3. Épa, raios vos partam, fiquei com a lágrima ao canto do olho (não sei o que se passa comigo isto já não se aguenta, pareço uma Maria Madelena Senhor me ajude xD).
    Espero que corra cada vez melhor a vossa situação, como, aliás, parece ter vindo a correr ao longo destes 2 anos ^^

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